Ao ver a filha mais nova, Vitória, aparecer no telão, Bernardinho percebeu os olhos encherem d'água. No palco, recebia o prêmio Adhemar Ferreira da Silva, honra concedida aos grandes nomes do esporte brasileiro. A despedida da seleção brasileira ainda é recente. O técnico, porém, faz questão de lembrar que não se aposentou. À frente do Rio de Janeiro, não prevê o fim da carreira como treinador. Ao mesmo tempo, no entanto, diz que tentará ajudar no trabalho junto ao esporte brasileiro.
Bernardinho afirma que terá conversas com Carlos Arthur Nuzman nas próximas semanas. Quer se colocar à disposição para contribuir com a evolução do esporte no país. Em um momento de crise pós-olímpica, o treinador acredita que pode ajudar com sua experiência.
- Eu divido esse prêmio com muitas pessoas, que construíram comigo essa trajetória toda. É uma responsabilidade maior. Você não pode construir essa trajetória e deixar de lado. Eu não me aposentei. Sou treinador de um clube, continuo trabalhando com esporte. Quero continuar inspirando as pessoas de alguma maneira. Quero continuar transmitindo a minha experiência que o esporte me deu também em outras áreas. Eu sinto a responsabilidade, inclusive, no que diz respeito ao futuro do esporte. Trabalhar no sentido de colaborar com o esporte olímpico.
O treinador ainda não sabe qual seria sua contribuição. Planeja analisar os passos com Nuzman para tentar ajudar. Até para levar antigos pedidos de atletas e treinadores diretamente a quem dirige o esporte nacional. Sem, porém, deixar o trabalho à beira da quadra.
- Até para levar pleitos de treinadores e jogadores que às vezes chegam para falar comigo, pela minha história no vôlei. Então, se eu puder, quero representá-los para buscar a evolução do esporte. Difícil dizer como. Ainda sou um treinador e dificilmente vou deixar de ser. Então, vamos ver o que se apresentar para mim. O fato é que, de alguma maneira, próximo ao esporte eu vou estar.
Ao receber o prêmio no palco, Bernardinho já havia feito um apelo pelo futuro do esporte. Ao lembrar Rafaela Silva e Serginho, lembrou da força do esporte como motor de mudança social.
- Tem uma coisa que me preocupa no país, que é a falta de esperança. Esse é o verdadeiro legado do esporte. Ninguém acreditava na menina que saiu da Cidade de Deus e ganhou uma medalha de ouro (Rafaela Silva). No menino que sai de Pirituba e se torna multicampeão olímpico, que é o Serginho. É possível e é real. Se o esporte não for considerado uma ferramenta de educação, não teremos um país verdadeiramente educado - discursou, agradecendo a todos os atletas e sendo aplaudido de pé em seguida.
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