Foram três anos longe das quadras, uma gravidez, duas filhas e planos que passaram longe do vôlei. Mas, depois de algumas conversas, a bola chamou de volta. A bicampeã olímpica Sheilla acertou com o Minas, atual campeão da Superliga, o seu retorno. E não se engane pelo momento fofo da maternidade da jogadora. Basta bater um papo com ela para perceber que o "sangue nos olhos" da jogadora que salvou cinco match points contra a Rússia nas quartas de final das Olimpíadas de Londres, em 2012, está de volta.
As filhas Ninna e Liz, claro, são motivos de sorrisos meio bobos e de histórias recheadas de carinho contadas pela mãe. Mas também são um fator que levou Sheilla a decidir voltar para as quadras.
- Estou superempolgada com essa minha volta. Foram três temporadas que passaram voando. Porque eu tinha o objetivo de engravidar e depois que engravidei eu queria ficar esse primeiro tempo integral com as minhas filhas. Mas agora a minha empolgação, a minha vontade de vê-las me assistindo, me vendo da arquibancada. Eu acho que eu tenho uma força extra agora para eu jogar e quero que chegue logo esse momento. Vai ser bonitinho demais. Eu imagino acabando o jogo e colocando elas dentro de quadra. Eu realmente estou muito empolgada com isso. Eu sei que elas são muito novas. Sei lá, posso jogar mais quatro, cinco anos. Talvez elas nem lembrem, mas vai ter foto que vai fazer elas relembrarem um pouquinho. É uma força a mais para voltar a jogar em alto nível, para conquistar títulos. O aprendizado sendo mãe é diário. Estou adorando essa fase. Tem que se dedicar demais, como em qualquer área da vida. Tão gostoso quanto ganhar duas Olimpíadas é ser mãe.
Sheilla ganhou e foi decisiva em duas Olimpíadas (em Pequim-2008 e Londres-2012). Mas a última participação, no Rio, em 2016, deixou um gosto amargo. O Brasil fez uma primeira fase perfeita, mas foi eliminado pela China (que seria a campeã) nas quartas de final. Esse, aliás, é um dos sonhos que movem a oposta. Mesmo sem querer falar muito sobre o assunto, fica claro que estar nos Jogos de Tóquio é um objetivo claro em sua mente.
- Não é nem por não ter ganho, é por não ter conseguido medalha. O que aconteceu no Rio foi o oposto de Londres. China classificou em quarto, a gente em primeiro, cruzamos e fizemos a final antecipada (em Londres 2012, a seleção brasileira passou da primeira fase em quarto lugar e eliminou, nas quartas de final, a Rússia, que tinha sido primeira colocada em seu grupo na fase de classificação). E não conseguimos chegar à semifinal nem à final. Nosso objetivo em 2016, lógico que o primeiro objetivo era o ouro, mas uma medalha seria ótimo. Então, dá uma vontade a mais de ir pra Tóquio até por isso. Encerrar na seleção com uma medalha seria muito melhor do que encerrar sem medalha nenhuma.
Aliás, o técnico da seleção feminina teve papel fundamental na volta de Sheilla às quadras. Zé Roberto foi um dos incentivadores para que a jogadora abandonasse um outro plano.
- Nessas três temporadas, eu não pensava em voltar para a Seleção. Para clube, voltar a jogar vôlei, eu pensava. Eu pensava que seria na praia até. Eu tinha até um projeto montado na praia. Decisão de clube, foi de março para cá. Muita conversa com o Zezinho, que é o preparador físico da seleção e de Barueri, com o Zé Roberto, meu marido...as pessoas em que eu realmente confio. E eles falaram: "Sheila, vai pra quadra, a sua praia é a quadra. Você ainda tem muito para dar". Então eu decidi voltar para a quadra por causa disso. E, lógico, depois disso comecei a pensar em seleção. Em tentar Tóquio? Penso. O Zé também acha que eu posso tentar ir pra Tóquio. Até pela experiência em seleção. Então pode ser que aconteça. Vamos começar devagarinho. É um sonho. Ainda um pouco distante, mas é um sonho.
Antes de chegar à seleção, Sheilla ainda precisa continuar no seu processo de volta. Por enquanto, tem feito preparação física orientada pelo Minas. Apenas quando as outras jogadoras voltarem, deve começar a treinar com bola. A estreia deve ser no Campeonato Mineiro.
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