No dia 22 de agosto de 2008, em Pequim, na China, o capixaba Fábio Luiz, em parceria com Márcio, chegou perto de alcançar o que todo atleta deseja em sua carreira: uma medalha de ouro nas Olimpíadas. O sonho da conquista acabou, naquela oportunidade, com a derrota na final para os americanos Phil Dalhausser e Todd Rogers, e impediu que outra Muralha, como é conhecido o jogador, se estabelecesse em território chinês.
Tida como uma das melhores duplas do Brasil na época, era natural imaginar que os dois teriam naturalmente uma nova chance de disputar o ouro nos próximos Jogos Olímpicos, em Londres 2012, mas nas areias nada saiu como o esperado. A partir daquela derrota, a carreira de Fábio Luiz entrou em uma descendente. A parceria com Márcio ainda rendeu alguns bons resultados em 2009, mas não o suficiente para a permanência da dupla, que anunciou o rompimento naquele ano. Desde então, o jogador se afastou dos bons resultados e conta o drama que viveu com duas lesões seguidas no joelho esquerdo que, segundo ele, é o fator principal para a queda de rendimento neste período.
- Se deve às cirurgias no joelho (o mau desempenho). Em 2009 eu e Márcio ainda chegamos a ser vices no Mundial, mas eu já vinha com muitas dores e não estava conseguindo jogar. Um ciclo olímpico é muito desgastante, você passa por muitas coisas, e os resultados não estavam vindo, então a gente resolveu seguir por outros caminhos, achar outros parceiros, porque o objetivo é ir para outra olimpíada. Em 2010 eu estava procurando parceiro para começar o ano de 2011 bem, em busca de uma vaga olímpica, mas aí tive uma torção em Salvador, tive que operar o joelho. Quando voltei e estava me recuperando, tive um problema no menisco, em junho, fiquei três meses sem jogar e tive que abrir mão do Circuito Mundial, que é o que classifica para as Olimpíadas.
Porém, mesmo a pouco mais de seis meses das Olimpíadas, Fábio Luiz permanece firme na esperança de estar competindo na Inglaterra no ano que vem e revela que recebeu um apoio fundamental para que sua motivação voltasse a ser grande em busca desse objetivo.
- Tive uma conversa com o Ary Graça (presidente de Confederação Brasileira de Vôlei), porque dessa vez será uma dupla pela classificação mundial e outra por convocação, e ele me disse que tinha tempo para me recuperar e brigar para ir as Olimpíadas, colocou toda a estrutura de Saquarema (onde fica o CT da CBV) para eu buscar dar a voltar por cima, e isso me deixou mais tranquilo para trabalhar. Abri mão do Circuito Mundial, me tratei, e já não sinto mais dores. É muito importante você ter esse respaldo do presidente de sua confederação. Ele me conhece desde os 20 anos, eu já trouxe uma medalha para ele, e ele segue acreditando em mim.
'A procura da parceria perfeita'
Após a medalha de prata em Pequim, Fábio Luiz mudou de parceiro por três vezes: primeiro jogou com Billy, depois Rodrigo e, por fim, Bruno de Paula. Segundo o próprio jogador, poucas mudanças, já que para ele as trocas são muito importantes para que o país tenha sempre duplas fortes no cenário mundial do vôlei de praia. O 'grandalhão' ainda fez uma reflexão interessante sobre o 'troca-troca' no circuito.
- Se você for ver mesmo, pelo menos na minha opinião, o único cara que depois das Olimpíadas encaixou um parceiro foi o Emanuel, com o Alison. O Ricardo trocou bastante, o Márcio também, e eu. O objetivo é as Olimpíadas, não gostamos de trocar. Às vezes as pessoas falam 'ah, vocês trocam muito', mas temos que ir em busca de um objetivo. Encontrar uma dupla não é fácil, envolve muita coisa como entrosamento, entre outras. Tem que dar tudo muito certo. Nós não trocamos só pela gente, é essencial para o Brasil também. A gente troca para tentar fazer bonito pelo país. O Brasil não pode só se classificar para as Olimpíadas, tem que trazer medalhas, até pela tradição.
Nova parceria para atingir Londres
Mais motivado do que nunca. É com esse espírito que Fábio Luiz vai iniciar 2012. E terá ao seu lado um novo parceiro. Trata-se de Álvaro, que vem de João Pessoa, na Paraíba. Juntos, os dois irão em busca da segunda vaga do Brasil nas Olimpíadas. Isso mesmo, segunda, já que para Muralha, Alison e Emanuel dificilmente deixarão de estar em Londres.
- A gente vai sempre trocando procurando acertar o melhor time. Agora vou jogar com o Álvaro, que vem da base da CBV e já jogou mundias sub-21, Sul-Americano... é um cara mais novo, com gás total e acho que vai me dar essa força. Meu objetivo é tentar voltar jogando ao máximo e, do fundo do coração, é jogar nas Olimpíadas, brigar pela segunda vaga. Vamos brigar com Ricardo e Pedro Cunha, que é uma boa dupla. Tem também o Márcio com o Pedro Solberg, formando agora. Acho que essas são as concorrentes mais fortes, já que o Alison e Emanuel para mim não ficarão de fora. Se não der, que seja para outro ciclo olímpico, mas é bom voltar a jogar sem dores - garantiu.
0 Comentários