Nem parecia que as duas equipes haviam acabado de jogar uma final de Superliga. Horas depois da vitória do Rio sobre o Sesi-SP por 3 sets a 1, que deu às cariocas o nono título da competição, as rivais dentro de quadra celebraram a amizade em uma churrascaria tradicional da Cidade Maravilhosa, situação bem diferente do que acontecia nos últimos nove anos, quando enfrentavam o arquirrival Osasco.
- É até difícil falar, mas a gente não quer mandar recado, mensagem para ninguém, só que somos amigas do lado de fora. Falou-se a semana inteira que a gente se encontrava, falava, brincava nos treinamentos, mas isto é o que deve prevalecer dentro do esporte, deveria servir de exemplo para todo mundo. Foi uma final diferente, com um clima diferente. Respeitando, acima de tudo, a outra equipe - opinou Carol.
Heptacampeã com o time do Rio e acostumada a jogar contra a equipe paulista, a líbero Fabi diz acreditar que o respeito e a admiração vistos ainda dentro do Maracanãzinho, quando os elencos dançaram e cantaram juntos, ao som de uma música de Valesca Popozuda, são sentimentos que só elevam o vôlei brasileiro.
- Contra o Osasco há uma rivalidade e um respeito muito grande. Elas têm um ritual e uma maneira de se comportar que a gente respeita, mas tomara que isto (a amizade entre Rio e Sesi-SP) sirva de exemplo para o futuro.
Mesmo com cada grupo tendo um espaço reservado para si no local, por muitas vezes era possível ver a interação e cordialidade entre as partes nos corredores. Uma das mais queridas era a central Fabiana. Em um determinado momento, ela foi até a área destinada ao Rio e aplaudida por todos no recinto. Sem graça, a jogadora acenou e ouviu o coro de "volta" à equipe de Bernardinho, onde ela conquistou quatro troféus da Superliga.
- Acho que isso vem do respeito e carinho que eu tenho pela equipe do Unilever. Nós, jogadoras, nos conhecemos há anos e somos muito amigas fora de quadra - disse Fabiana.
Antes de entrar na fila para preparar seu prato, a atleta do Sesi-SP falou e abraçou Régis e Fofão. Após muitas risadas com a levantadora, Fabizona afirmou que a MVP da final não pode pensar em parar de jogar tão cedo.
- Fofão tem que sair de quadra só daqui a uns 10 anos - brincou abraçada na amiga.
Ao ouvir o desejo da meio de rede, a camisa sete carioca devolveu a brincadeira.
- Está bom, vou sim. Só se for para jogar de cadeira de rodas nas paralimpíadas - completou Fofão, carregando a medalha de ouro no peíto..
Outro favorável a permanência de "Fofa" é seu marido. Com um semblante seguro de que a esposa, de 44 anos, não vai parar agora, ele argumentou que a atuação dela nesta final vai pesar na hora da escolha.
- Se ela jogou o que jogou hoje com uma perna, imagina com duas – decretou Márcio Rodrigues.
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