O ponteiro Giba, um dos principais nomes da história do voleibol mundial, encerrou nesta sexta-feira (01) a carreira nas quadras. O jogador de 37 anos está sem clube desde março, quando encerrou uma passagem pelo Al Nasr (Emirados Árabes).
Giba foi um dos principais artífices de um período extremamente vitorioso da seleção brasileira de vôlei masculino. Nesta sexta-feira, ele confirmou a aposentadoria em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo: "A sensação é de que acabou. Uma hora isso tem de chegar. Dever cumprido".
O noticiário da Globo falou sobre a carreira de Giba (conquistas, episódio de doping e dramas pessoais, por exemplo). Além disso, teve declarações do técnico Bernardinho e de jogadores como Serginho e Bruninho sobre o ponteiro. "Foi um líder. Uma referência para toda uma geração de jogadores", avaliou o treinador.
A entrevista ainda foi marcada por muitos momentos emocionantes. Giba chorou ao falar sobre o que representou e quando abordou alguns episódios - um garoto com leucemia e uma criança que o abordou quando ele foi suspenso por doping, por exemplo.
Campeão mundial infanto-juvenil em 1993 e vice do juvenil em 1995, o ponteiro foi eleito o principal jogador dos jogos Olímpicos de 2004, da Liga Mundial e do Campeonato Mundial de 2006 e da Copa do Mundo de 2007.
A lista de títulos de Giba com a seleção brasileira inclui três Mundiais (2002, 2006 e 2010), duas Copas do Mundo (2003 e 2007), oito títulos da Liga Mundial e três medalhas em Jogos Olímpicos (ouro em Atenas-2004, prata em Pequim-2008 e Londres-2012).
Nos últimos anos, contudo, a carreira de Giba esteve longe desses momentos gloriosos. O ponteiro já não vinha sendo convocado para a seleção brasileira, e entre 2012 e 2013 ainda acumulou passagens apagadas por Taubaté (apenas um mês) e Drean/Bolívar, da Argentina, onde também teve de lidar com salários atrasados.
Em novembro de 2013, Giba trocou o Taubaté pelo Al Nasr. Ele saiu do time paulista após ter feito apenas cinco jogos e conquistado somente uma vitória.
No contrato com o time dos Emirados Árabes, uma das propostas era fazer de Giba um embaixador do voleibol no país. Ele tinha contrato para jogar um ano, mas só atuou na equipe durante três meses e encerrou o vínculo em março de 2014.
Na segunda quinzena de julho, Giba rechaçou a possibilidade de se aposentar. Em entrevista ao jornal "Lance!", o jogador disse que vinha se concentrando em palestras e eventos pelo país, mas explicou que ainda buscava mercado e elegeu a Polônia como destino mais provável.
"A Polônia seria uma ótima opção. É a que eu estou analisando com mais carinho", disse o ponteiro. "Não se pode dizer que eu estou aposentado. Tenho propostas, estou estudando e ainda quero jogar", completou.
No último domingo (27), Giba foi anunciado como um dos participantes da nova edição da "Dança dos Famosos", quadro do programa global "Domingão do Faustão". Ele faz dupla com a bailarina Camila Lobo.
Doping e divórcio polêmico
A vida de Giba também foi marcada por uma série de episódios fora das quadras. O jogador de vôlei teve leucemia aos seis meses de vida e um acidente em uma árvore, por exemplo. Ele caiu quando brincava de esconde-esconde, levou 150 pontos no braço esquerdo e precisou ficar um ano e meio longe do voleibol.
Em 2002, Giba foi flagrado em exame antidoping por uso de maconha. Quase dez anos depois, em 2011, o jogador alegou que isso tinha acontecido em um momento pessoal conturbado.
"Estava me divorciando do primeiro casamento e descobri que tinha um problema de tireóide. Não sabia se teria de operar ou se ia ter dificuldade para controlar o peso. Me perdi. Estava na Itália sozinho, sem ter minha família", relatou o atleta ao canal fechado "Sportv".
Outra história polêmica envolvendo Giba foi o divórcio da jogadora de vôlei romena Cristina Pirv. Depois da separação, ela acusou o atleta de não pagar pensão aos dois filhos do casal. Ele, em contrapartida, afirmou que a ex-mulher se recusou a devolver suas três medalhas olímpicas.
Em janeiro de 2014, Giba se casou no civil com Maria Luiza Duadt, 34. Em julho, a nova mulher revelou que precisou fugir de Pirv. "[Ela] fez o maior barraco. Eu fiquei quieta. Quando ela veio me bater, saí correndo. Eu sempre tive muito respeito pelo casamento deles e só quis ficar com ele quando já tinha acabado", relatou à revista "Contigo".
"Desde 1989, quando comecei minha carreira de jogador de vôlei, até 2014, cresci muito. Foram 25 anos em que passei por diversas fases na vida. Cresci. De menino, que se curou de uma leucemia aos seis meses, a homem, pai de duas crianças, os meus maiores amores. Enfrentei dificuldades, superei obstáculos. Ganhei e perdi. Chorei, de tristeza e de alegria, e sorri mais ainda. Foram inúmeras conquistas. Prêmios individuais. Conquistas coletivas. Oito vezes a Liga Mundial. Tricampeão do mundo. Título olímpico, Copa do Mundo. Sul-Americano, Copa dos Campeões. Fui eleito seis vezes o melhor do mundo. MVP de todas as competições que disputei, ao menos uma vez. Ganhei fãs, com os quais aprendi e continuo aprendendo. Ganhei amigos, que vou levar para a vida toda. Sou grato a todos por tudo que vencemos juntos. Minha carreira não foi só de alegrias, claro. Falhei, sim. Quem não falha? Perdi. Mas me reergui. Hoje, dia 01 de agosto de 2014, tomei uma decisão, talvez a mais dolorida até aqui. Chegou a hora de parar. Com o coração apertado, me despeço das quadras, minha casa por 25 anos. Agradeço a todos que estiveram comigo nesta caminhada e contribuíram para o sucesso não só meu, mas do vôlei do nosso país. Isso é o que mais importa, no fim das contas. Espero ter ajudado vocês também, que tenha sido inspiração para alguns. Agora vou me dedicar a muitos projetos que tenho em andamento. Espero que o #gibaneles fique sempre no coração de cada um. Obrigado meu Deus!"
0 Comentários