As tarjas pretas coladas na camisa acima da bandeira do Brasil, eram em solidariedade aos adversários. A noite de quinta-feira em Cracóvia foi passada em claro, por conta do atentado terrorista em Nice. Mas o respeito terminava ali. Quando a bola subiu, o que se viu foi briga e das boas. Contra uma França que há um ano havia colocado fim ao sonho de chegar à decisão da Liga Mundial no Rio. Contra a atual campeã do torneio e da Europa, considerada a grande equipe da atualidade por Bernardinho. Neste sábado, com paciência, uma boa dose de frieza e o saque eficiente de Eder, a seleção venceu a partida por 3 sets a 1 (25/16, 23/25, 28/26 e 33/31) e brigará pelo título contra a Sérvia.
Lucarelli começava quente no saque. Maurício Borges crescia na frente de Ngapeth. Lucarelli fazia o mesmo e o Brasil abria 10/7. Bruninho salvava uma bola na quadra adversária e o esforço era recompensado. Pouco depois, fazia uma grande defesa. Novo ponto. Ngapeth falhava na tentativa de fazer um de seus ganchos no ataque e a seleção agradecia (16/10). A variação no saque funcionava e Wallace assegurava um ace. Os franceses não se encontravam em quadra. Trocavam as peças, mas a situação não mudava e a seleção fechava o set: 25/16.
Depois de ter passado em branco na primeira parcial, o craque francês acordava. Mas era Rouzier quem carregava a França nas costas. Clevenot sacava forte e colocava sua equipe no comando (6/3). Bernardinho se irritava com as bobeadas do time, no golpe de vista e na cobertura (13/7). Os jogadores respondiam rapidamente. Wallace aparecia no momento difícil e o bloqueio se apresentava diminuindo a diferença para apenas dois pontos (13/11). Bruninho pedia desculpas pelo serviço na rede que poderia ter feito a seleção encostar de vez. Maurício Souza era um paredão. Freava três ataques franceses seguidos e empatava o jogo. Um ace de Lucarelli garantia a virada (15/14).
Bernardinho fazia a inversão. William e Evandro deixavam o banco. Os rivais não deixavam o Brasil escapar (21/21). Um ace de Le Roux, pedido de tempo da seleção (23/21). Com inteligência, Lucarelli passava pelo duplo da França, mas forçava demais o saque logo em seguida. Maurício Souza, pelo meio, impedia que o set terminasse ali. Mas Rouzier não desperdiçava a segunda oportunidade: 25/23.
Le Roux voltava do intervalo castigando no saque. Derrubava quem estivesse no alvo. Para ajudar, o Brasil já não mostrava a mesma energia e precisão. Não bloqueava Le Roux e facilitava a vida da França (10/6). Quando o Brasil reagia, Maurício Souza, na tentativa de salvar uma bola no fundo de quadra, ficava no chão, levava a mão às costas e deixava a quadra. Eder entrava. Os comandados de Laurent Tillie faziam defesas até com o pé (14/12). Mas o Brasil insistia e chegava ao empate (15/15).
Enquanto isso, Maurício Souza era atendido, colocava uma proteção nas costas e fazia testes. Rouzier e Ngapeth desequilibravam e abriam 20/17. William e Evandro iam para o jogo. Wallace sacava e o Brasil fazia o placar andar (21/20). E numa jogada que iniciou toda errada, os brasileiros empatavam. Ngapeth respondia passando pelo triplo. Maurício Borges retribuía. Evandro pegava Rouzier no simples e o Brasil fazia 24/23. Rouzier deixava tudo igual. Evandro recolocava o time em vantagem. Rouzier explorava o bloqueio e salvava a França. Le Roux sacava. Para fora (26/25). Lucarelli também, assim como Rouzier. Com um saque seguro, Eder criava a oportunidade que o Brasil precisava. Lucão cravava e fazia os companheiros respirarem aliviados após quatro set points: 28/26.
O bom momento era ofuscado pelas falhas ofensivas bobas. Ngapeth chamava a responsabilidade. Sacava forte, atacava do mesmo jeito. Sem barreira (14/8). Bernardinho dava um puxão de orelhas. Funcionava. Wallace era acionado e correspondia. Lucão resolvia pelo meio, atacando e bloqueando. Eder seguia sacando (desde quando o marcador apontava 16/11), garantia um ace e o Brasil voltava ao jogo (16/15). Rouzier cometia um erro. Empate. A virada viria com o freio em cima de Lyneel (17/16). A França continuava pecando e a seleção tirava proveito, abrindo 20/16. A série de Eder era quebrada e Lyneel iniciava a dele.
Os pontos dados de graça levavam a França ao empate (20/20). O Brasil sofria novo apagão. Por sorte, Rouzier atacava na antena (23/22). Maurício Borges botava pressão demais no saque. No lance seguinte, Lucarelli consertava tudo. Match point. Lipe entrava para sacar. Rouzier explorava o bloqueio e igualava. Ngapeth desperdiçava seu serviço. Nova chance dada ao Brasil. Apesar das lindas defesas de Serginho e Maurício Borges com o pé, o ponto era francês. A vantagem chegava a trocar de mãos, mas Le Roux sacava na rede (26/26). A igualdade prevalecia. O pedido de desafio funcionava, mostrava o toque na rede de Ngapeth e a seleção retomava o comando do marcador com Maurício Borges (29/28). Rouzier mantinha sua equipe viva na partida. A marcação de dois toques criava nova chance para o Brasil pôr fim ao sofrimento. Ngapeth não deixava (30/30). Lucarelli fazia a sua parte, mas Lucão sacava para fora. Wallace virava mais uma bola. E Le Roux dava a vaga na final para o time de Bernardinho: 33/31.
O último compromisso, a grande final, será neste domingo, às 15h30 (de Brasília), contra a Sércia. Os franceses jogarão pelo bronze com os italianos. .
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